Se estamos em pânico, atirar para todos os lados não irá nos ajudar.
Atacar quem pensa diferente de nós não irá nos ajudar.
Temer pelo que está por vir não irá nos ajudar.
Há momentos em que nossa mente nos leva a acreditar que inevitavelmente tudo está perdido.
Momentos em que as sombras mais densas avançam como um tufão sobre nossa percepção da vida e nos sentimos desesperados.
Uma fase como esta, no entanto, não é inédita no mundo, nem no Brasil.
Desde que somos concebidos a vida é uma aventura. Uma luta por sobrevivência e, se possível, bem-estar.
Se estamos surfando em um mar gigante, pegamos uma onda assustadora e, inesperadamente, levamos um tombo terrível (“levamos uma vaca”, como se diz na gíria do surf), não adianta amaldiçoarmos Deus, o mundo e nós mesmos.
Nós temos sim é que respirar fundo e encarar o mar.
E enfrentar as outras ondas que logo em seguida irão estourar na nossa cabeça.
Encarar uma onda gigante arrebentada normalmente significa inspirar o máximo de ar que conseguirmos, mergulharmos o mais fundo que pudermos, rodopiarmos no fundo do mar como se estivéssemos dentro de uma máquina de lavar-roupa, voltarmos à superfície esbaforidos e repetirmos essa operação por tantas vezes quantas sejam necessárias.
Se por um segundo entramos em pânico, nossa resiliência e nossa força como seres humanos são tão grandes que mesmo assim possivelmente sobreviveremos.
Por outro lado, se deixarmos o pânico tomar conta de nós, pode ser que não saiamos com vida de dentro da máquina de lavar-roupa…
Pensamentos inúteis (e comuns) nos levam ao pânico:
“Que desgraça que isso está acontecendo!”
“Por que isso está acontecendo?”
“Como isso tudo vai terminar?”
“Qual será o resultado dessa sequência de ondas gigantes na minha cabeça?”
“Essa máquina-de-lavar nunca vai parar de girar?!”
Outros pensamentos, porém, podem mudar para melhor a nossa situação:
“O que eu posso fazer agora pra melhorar isso?”
“Não sei se vai dar certo, mas eu vou dar 100% pra melhorar essa situação.”
Ok, tomou litros de água salgada, quase não consegue respirar, foi cuspido pra fora do mar, mas está vivo?
“O que eu aprendi com tudo isso?”
“O que eu posso fazer de bom agora?”
Respire fundo. Mergulhe fundo. Rodopie no fundo do mar. Rodopie dentro da máquina-de-lavar a todo vapor! Volte à superfície. Repita.
Repita.
Repita.
Repita.
Uma hora, de duas, uma: ou você terá passado a arrebentação e estará mais satisfeito do que nunca, sentado na prancha surfando aquelas ondas gigantes ou terá sido expelido do mar, estará jogado na areia, moído, dolorido, ofegante. E vivo. Mais preparado para a próxima ocasião em que as ondas gigantes estiverem no seu caminho. (E para quando estiver dentro de uma lavadora-de-roupas). Isso é o que importa.