Cada um de nós tem o seu próprio Everest. Qual é o seu?

Recentemente o Sherpa Kami Rita, de 48 anos, se tornou o primeiro ser humano a escalar 22 vezes o Monte Everest (nome que os ingleses deram para a montanha Sagarmatha), 8848m de altitude.
 
Escalá-lo uma única vez exige preparo físico e psicológico ao nível de atletas campeões olímpicos. Com a diferença de que ao escalar a montanha mais alta do mundo, você está se sujeitando a um risco de morte que não existe em nenhum esporte olímpico.
 
No meio do alpinismo se comenta que é acima dos 6.000m de altitude que se separam os profissionais dos amadores.
 
Não duvido disso. Mas diria que o topo do Everest é diferente para cada um de nós.
Quanto você precisa subir para se sentir satisfeito(a)?
 
O que você precisa fazer para se sentir satisfeito(a)?
 
Do alto das montanhas Kala Patthar e Gokyo Ri, ambos na faixa de 6000m de altitude, se tem as duas melhores vistas para o Everest. Exige-se cerca de 15 dias de caminhada, enfrentando temperaturas de até -20ºC, terrenos íngremes e acidentados, estrutura precária, alimentação racionada e privações que aqui na cidade não conseguimos sequer imaginar.
 
Quando cheguei ao topo desses dois montes eu tinha duas opções: sentir-me contente e abençoado por estar ali ou sentir-me um pouco frustrado porque fantástico mesmo seria estar no topo do Everest, com o nome gravado na História do alpinismo.
 
Não pensei nessas opções quando estava subindo aquelas montanhas. Eu simplesmente continuei subindo.
 
Quando atingi os picos, chorei, sorri (como estou chorando e sorrindo agora ao me recordar daqueles momentos e ao escrever este texto) e gravei vídeos para algumas das pessoas que mais amo – a maior parte desses vídeos se perdeu depois, mas tudo bem, porque foi depois de os destinatários assistirem-nos. Senti-me grato a cada uma dessas pessoas e ao Cosmos (pode chamar de Deus, se quiser) por terem de alguma forma contribuído para que eu estivesse ali.
 
Em nosso dia-a-dia algumas vezes nós deixamos que a comparação com outras pessoas, outras histórias, outros feitos, domine a nossa mente e não nos permita enxergar nossas conquistas. Isso dificulta os passos necessários para nos superarmos e para sermos felizes.
Levei uns 39 anos para aprender isso, mas aprendi.
 
Cada um de nós tem o seu tempo. Cada um de nós tem o seu próprio Everest.



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